Fotografar Casamentos… (parte 2)

2008-05-08

Continuando do post anterior segue a segunda parte com mais algumas lições aprendidas no casamento de sábado:

Tem sempre um cartão com espaço suficiente (ou vazio!)

Uma asneira em que caí foi no momento do corte do bolo, ter tido o cartão já usado na máquina, em vez de uma fresca. Na abertura do champange, o cartão ficou cheio, e tive que o trocar à pressa (felizmente tinha-o à mão), mas mesmo assim perdi o momento do virar da champange para os copos (importante, teoricamente, em termos de toda a formalidade que uma boda de casamento tem). Portanto fiquei com a garrafa a abrir e os copos cheios…

Composição “in camera”?

Algo a ter sempre em atenção é que as imagens poderão (ou irão mesmo) para um álbum, que hoje em dia é geralmente produzido digitalmente. E como tal, as imagens não serão impressas uma a uma, mas numa composição que não segue naturalmente o formato de imagem. Como tal é necessário manter na mente que poderá haver necessidade de produzir crops e convém por isso manter algum espaço à volta das imagens. Eu esqueci-me um pouco disso e fiz os enquadramentos que desejava, com um corte mais forte.

Na igreja, apróxima-te

Para a igreja, melhor que uma tela será certamente a zoom normal. Na igreja, no momento do casamento / troca de alianças, é muito importante aproximar para captar melhor a acção da troca de aliança. De longe, a imagem é demasiado frontal e as mãos dos noivos tapam o detalhe da aliança.

Convidados em ambiente não obstrusivo

Uma das partes que mais me irritou foi a sessão com os convidados. Para já, as imagens são sempre a mesma foleirada a que dificilmente se foge – grupo posado em pé com os noivos. É sempre o mesma coisa – chamar o seguinte, pose, dispara um ou dois (para garantir uns olhos abertos entre outros detalhes) e “próximo!”. Para dificultar mais, o raio do restaurante não tinha um jardim fantástico nem um ponto bonito para realmente efectuar as fotos. Tive que me ficar pelo arboredo assim-assim.

Claro, para piorar as coisas, o pessoal do restaurante lembrou-se que tinham de por uma mesa de buffet MESMO à minha frente, num espaço que já era difícil de trabalhar. E com a mesa vem as pessoas e o caos. E aquele era practicamente o único sítio onde o arboredo conseguia criar um fundo completo, sem ver as casas do outro lado da rua… Bem, um jeito para o lado até resolveu.

Pelos vistos a composição vertical é o mais comum para este conjunto de imagens, especialmente quando são 4ou 6 pessoas na imagem. Eu preferi as horizontais na maioria (preenchia melhor na minha opinião), mas o ângulo lateral também consegue por vezes captar aquilo que não se quer, que é pessoal na mesa lá ao fundo…. Fear not the spacey verticals!

Trabalho de equipa não obstrusivo

Trabalho de equipa é importante, mas mais importante é que ninguém impeça o trabalho dos restantes. Éramos uma equipa de três – um videógrafo (o mais experiente do grupo e que comandava as operações) e dois fotografos. O meu papel era como fotografo principal, e o terceiro elemento estaria dedicado apenas a captar imagens dos convidados para impressão. Problema – não ficou apenas com essa tarefa, mas esteve também a captar imagens em todas as sessões. Resultado – uma confusão de olhares da parte dos noivos (sempre a olhar para um e depois outro…).

Mais, um dos problemas frequentes que tive foi, com o trabalho de tele, ter o videógrafo á minha frente, constantemente. Nada bom, especialmente quando estás com uma tele. E quando sai de frente é porque deixou de filmar e os noivos retiraram-se da pose…

Evita a sessão nocturna com os noivos e não sejas herói

Lol, esta foi complicada. Por via de alguns atrásos pós missa, a chegada ao restaurante foi algo demorado, e a dona do restaurante já tava muito mal humorada, especialmente quando indicamos que queríamos ainda levar os noivos a fazer a sessão juntos antes de começar a boda.Não foi possivel e não conseguimos adiar para outra data – portanto foi pós boda – fim de tarde / inicio da noite. Problema evidente – luz. Problema menos evidente – o vinho da boda.

O spot que escolhemos era muito giro – a quinta do noivo, mas tinha naturalmente o problema da iluminação. Tentei evitar as flashadas directas e nocturnas que são sabia o quão mau iam ser, e meti o flash com célula num tripé, tentando criar um gênero de borboleta e utilizaria o flash na máquina para preencher. Problema – acertar exposições não é fácil, guiando apenas pelo LCD e tendo que correr para trás e para a frente. Resultado – quando conseguia acertar a exposição, perdia a pose… e sem a luz, já de noite.. ouch. Grande herói, hein?

Conclusão

Naturalmente a maioria das conclusões tiradas poderão ser consideradas discutíveis. Mas espero que alguém que esteja para arrancar neste tipo de imagem possa aceitar esta análise e preparar-se melhor para a sessão…